terça-feira, novembro 24, 2009

A Pedra (Ale- 24/11/2009)


Digo que sou pedra
Daquela meio cinza
Despercebida

Rotulo-me simples
Sem muitas cores vivas

O sol da tarde
Esquenta-me a face
Meio esburacada

E o frio me toca a alma
Nas noites meio geladas

Digo que sou pedra
Daquela toda embrutecida
Não resplandeço a luz
Em formas coloridas

Não agrado olhares
Nem dos mais simples
Nem da nobreza

Não adorno colares
Nem jóias belas da realeza

Apenas pedra
Daquela bruta
Sem mais nenhuma nomenclatura

Não sou diamante
Nem sou brilhante
Nem pedra rara de formosura

Apenas pedra
Em meio ao pó
De uma estrada

Entre a poeira
Entre outras coisas
Petrificadas

Apenas digo
Apenas Pedra
de pouca significância

Mas que talvez
Em minha essência
Haja um princípio de importância

sábado, outubro 17, 2009

(Quanta) estrela (Ale - 16/10/2009)



Em meio a uma multidão me ponho a pensar na vida, nos sonhos, no amor e nos sentimentos que nos tocam. Em cada rosto eu via um brilho de Deus, em cada jeito de olhar, uma estrela. Sentia naquele instante que cada ser humano se interligava entre si e cada alma era uma única indivisível alma clara. Naquele instante eu não conseguia definir o que me fazia doer e chorar. Percebi que não há más pessoas e que todo mundo é, de alguma forma, uma pequena semente do bem, algumas ainda latentes mas a são e que para nascerem, basta que sejam regadas com a luz da compreensão e do amor. Assim, eu vi em minha frente uma grande multidão de pequenas estrelas, em suas próprias entranhas, borbulhando por dentro, a beira de uma grande e intensa explosão de amor, brilhando nessa pequena galáxia que é cada coração humano, nesse universo único que nos forma em uma só luz eterna. Sim, neste mesmo instante eu via claramente que esse grande universo está bem aqui, dentro do meu coração e todos nós, cada um de nós, estamos também aqui, posto que é sempre aqui, no coração de Deus!

terça-feira, junho 30, 2009

Nem Sempre (Ale - 30/06/2009)


Nem sempre encontro o ponto
Nem sempre sei ao certo
Nem sempre sou aberto
Nem sempre sigo tonto

Nem sempre “sempre encontro”
Nem sempre me confesso
Nem sempre faço o verso
Nem sempre estou pronto

Nem sempre sei o conto
Nem sempre fico perto
Nem sempre sou esperto
Nem sempre eu afronto

Nem sempre eu confronto
Nem sempre estou certo
Mas sempre “sempre” o verso
Fica pronto

terça-feira, maio 26, 2009

No Mês de Maio (Ale - 25/05/2009)


Ora! Maio?
Maio é sempre Mais
Entre as flores do meu bem

Todas as cores do amor
Em um mês de além


Muito além da cor
Da mais colorida flor
Que se tem


O bem amar em maio
Com o sol que sempre vem


E os olhos da cor do mel
Daquela linda menina
Toda vestida de branco


Trouxe-me, o belo senhor
de porte esbelto e franco
que mais parecia um rei


daqueles antigos reis
com suas barbas grisalhas
de olhar distante e seguro


entrega em minhas mãos
um fruto do seu amor
confiante no futuro


e a linda moça de branco
cheinha de borboletas
mas parecia o encanto
do prisma da luz solar
em uma de suas facetas


peguei na mão da princesa
meus olhos modificaram
meu coração com certeza
gravou nosso eterno maio


Um homem de elo forte
Com um Deus de amor supremo
Pronunciando palavras
De mais intensa nobreza

Consagra o nosso amor
Divinizando o momento
Diante de muitas vidas
Vibrando em luz e cor
Pela manhã nesse dia
O nono do eterno Mês
O mesmo mês de Maria
Uma magia se fez

O mesmo homem de Deus
Representando o divino
Uniu diante do altar
De brilho tão cristalino


Dois corações
Duas vidas
Em um caminho bem fino

E todo mundo cantou
Em lindas notas de amor
Os mantras daquele rabino


E no mesmo eterno dia
Do quinto mês de um ano
A voz do sábio senhor
Continua ensinando

O símbolo do infinito
Formado em alianças
Unificando o amor
Fortalecendo esperanças
No mês de maio bendito


Bendito seja esse dia
Bendito seja esse mês
Bendito seja esse ano


Bendita a nossa alegria
E o nosso amor se refez
Concretizando os planos

Bendita a luz sol
Que o dia inteiro clareia
E força representada
No dia da lua cheia

A lua cheia de maio
No mês do eterno amor
É festa no oriente
Pois foi nesta mesma lua
Que Buda se iluminou

Alegre o eterno mês
Da lua, sol, água e flor
Da terra e o fogo sagrado
Da família que se formou


Por isso que o mês de maio
É um mês de esplendor

quarta-feira, abril 01, 2009

A Beleza da Tempestade (Ale - 30/03/2009)


Sob um olhar de aparente espanto
Percebo o som que emitiu o tempo
E nas nuances do meu pensamento
Toda a magia que há no encanto

E pelas águas desse firmamento
O azul dá espaço a tons de cinza e branco
A paz de Deus se forma em acalanto
Nas entrelinhas do meu sentimento

Cada palavra se unia ao vento
Trazia o som em forma de canção
E a batida do meu coração
Mais parecia a de um instrumento

E pela força em movimentação
e a natureza toda em movimento
percebo o eterno aprimoramento
quando a luz muda o ângulo da visão

entre os acordes do compasso certo
A natureza é quem diz o tom
Basta seguir de coração aberto
A arte, a vida, a luz, a cor e o som

quarta-feira, março 11, 2009

Tua cor (Ale – 11/03/2009)


Enquanto a noite se aproxima
O frio se alastra na alma
E eu te sinto como a brasa
Que queima sobre meus poros

E teus sonhos de menina
Flutuam com toda calma
Por sobre o peito que afagas
Refletidos sobre meus olhos

Da rua cinza onde eu moro
Iguais são todas as casas
E as cores descoloradas
Não brilham em minha retina

Mas quando te lembro choro
A lágrima de cor mais rara
Que ao brilho da lua clara
Colore uma luz mais fina

sábado, fevereiro 14, 2009

O Céu olha pro Chão (Ale - 14/02/2009)


É como se a estrela mais antiga
me olhasse intensa lá do alto
e nesse mesmo espaço, a vida
fitasse seus olhares no asfalto

o que pro céu talvez seja guarida
para mim talvez um cadafalso

e as coisas que eu via no cinema
me acenam suas cores da montanha
enquanto rezas recitadas em novenas
me envolvem em suas teias de aranha

o que pro céu resolve um teorema
para mim as chaves são estranhas

A origem do universo me fascina
E arte, criação que me alimenta
A beleza que atrai minha retina
Não se explica, se entende nem comenta

o que pro céu talvez seja uma sina
Para mim talvez o que se inventa

E assim eu sou feito de metade
Parte céu que me olha do infinito
Parte “chão” que sou eu, humanidade
Coração entre o mal e o bendito

O que pro céu talvez seja vaidade
Para mim talvez o mais bonito

terça-feira, janeiro 06, 2009

Por Dentro (Ale - 06/01/2009)


Entre as paredes que separam almas,
a rosa que as unificam
E o concreto acinzentado sob o sol

O corpo aquece, feito ferida descascada
Levemente untada com areia

A cabeça dói com a velocidade
Não, eu nem sei se do pensamento
Ou se do vazio

Mas sim, o vazio é veloz
Muito mais do que luz que acende

E as entranhas que atormentam
Não me deixam dormir a noite
Nem mesmo ao dia

Mas o que importa?
O sabor amargo ou azedo
é mesmo o que se tem?

Porque na verdade
O que é demasiado doce me dá enjôo

Nem sei o que é melhor
Talvez nem mesmo o seja

O que mais eu quero ver?
Meus olhos refletidos?
Muitas perguntas descabidas

Não cabem se quer
em qualquer resposta tola
dirigida a mim
por mim mesmo

Sim, de fato
Nem sei de mim
E quem sabe?