Vou lhe falar de um alguém
Um alguém diferente de tantos outros, mas ao mesmo tempo, comum
Esse alguém tem seu jeito próprio
Inesperado, ou não.
Não mede esforços para chegar aonde quer
E por muitas e muitas vezes ele chega de uma forma brusca
Repentino e ágil, ele mostra o seu tamanho perante os demais
Aparentemente manso, porém ligeiro!
Cativante, ele domina sem sequer se esforçar
Com sua mania de o conduzir por lugares desconhecidos ele encanta
E quando daí então você chega na imensidão de sua força e beleza
Ele simplesmente lhe fita os olhos e diz: Adeus! Preciso ir, mas deixarei com você, como uma forma de retribuir
A saudade e a tristeza
Daí então você chora, você implora e você se desespera...
E ele?
Nem aí...
Um belo dia, você cansada e infeliz, ele aparece
Daí lhe diz: Oi, eu acho que lhe conheço! Você o olha no fundo dos olhos e sente que já o viu, mas não se lembra. Porque dessa vez ele chegou bem diferente, de outra forma. Sem pressa ou violência!
Sereno, suavemente ele se aproxima
e cativante como sempre foi, ele domina
Senta-se ao seu lado e contempla o céu
Já não lhe leva mais em lugar algum
Ali mesmo, lhe mostra o infinito
E você diz: Com toda certeza, é sem dúvida o mais bonito!
O sol se põe e o céu escurece
Quando ele fala: Já vou embora
E nessa hora, tudo se cala,
O universo inteirinho pára
Você o olha no horizonte e mais uma vez ele desaparece.
As lágrimas tornam a cair de seus olhos, um desespero bate em seu peito
Mas dessa vez é diferente, já bem cansada e experiente
Você repete: Não tem mais jeito!
Então você segue, mesmo sem ele:
Nunca mais, já me cansei, não quero mais, não morrerei
Embora só e com um coração vazio
você decide mesmo seguir e de repente, em meio ao nada
no fim da escada ou de uma calçada
Alguém lhe aparece: Oi, boa tarde! Eu já lhe vi
E você...Não! Com voz enérgica e insensível
E ele: Sim! Com um jeito triste e imprevisível: Já estive aqui.
Seu coração amolece, sua razão prevalece e você fala:
Por favor, saia! Deixe-me em paz...deixe minha vida, pra nunca mais!
Ele lhe olha com os olhos baixos, cheios de lágrimas e diz chorando:
Não faça assim, por tantas e tantas noites, procurei você
Em tantas horas tão frias, quis encontrar
Um certo alguém igual a mim
Venha comigo, não tenha medo
E outra vez, reascende o calor
Você esquece de tudo
Das formas que ele veio
Dos vários corpos
Das muitas caras
Com tantos nomes
Tudo então se confunde e você nem lembra
Que apesar de diferente
É para sempre
O mesmo alguém
...o tal do AMOR
sexta-feira, março 24, 2006
A história de alguém...(Ale - 24/03/2006)
terça-feira, março 21, 2006
O que restou (O jardim do poeta) – Ale 21/03/2006
O cinza aproxima-se com um vento
perdido no universo
Sequidão por sobre o peito
Em um coração concreto
A razão se sobrepõe em mim
Endurece flores
Petrifica cheiros
Lembro-me das árvores
Minha face limpa rachou com elas
De meus olhos formam-se nuvens
Carregadas de raios
Tempestade queimando folhas
Temporal escorrendo em gotas
Sobre meu corpo
Lágrima a lágrima, moldando a pedra
Lavando o que sobrou da alma
Molhando o que restou das cores
Regando o amor
no coração de um poeta
quinta-feira, março 16, 2006
Espelho (Ale - 16/03/2006)
Procuro chaves
Teias me entrelaçam
Onde estou?
Respiro pó e expiro medo
Cercado de mim, apenas.
Infinitas sensações
A música ecoa
uma mesma nota trêmula e triste
Distante e longa
Vozes?
Não, lembranças delas.
Apalpo as paredes da alma
Arranho as palmas
Caminho lento
Procuro portas
Dimensões estranhas aqui dentro
Uma gota de luz escorre pela fresta
Derrama por sobre meus olhos atentos
Invade um vento suave
Porém ligeiro.
Limpando sonhos
Enfim...
Encontro você
Bem mais que isso
Encontro a mim