Não sei explicar o motivo, mas sinto uma dor em meu peito. Talvez a incerteza da vida ou mesmo porque faz parte da arte, de tudo o que inspira. Uma dor que não machuca, mas que aprofunda feito saudade. Uma saudade forte de uma flor de cor suave, que nasceu no alto de uma montanha fria e branca que talvez existisse apenas para destacar a pequenina flor ali nascida. A natureza tem dessas coisas! Saudade imensa do tempo que o dia era pra mim. Nesse tempo, me lembro como o agora, só me bastava sonhar e a imaginação saltava da alma como se abrissem às portas de uma gaiola e tudo era real. Tudo aquilo que eu imaginava se fazia diante dos meus olhos, simplesmente assim, como se o nada se transformasse em qualquer coisa que por hora eu quisesse. Um tempo em que um brilho de um olhar me emocionava... Ainda emociona, mas não sei por que hoje eu me escondo por traz das regras criadas não sei pra quê, de que eu tenho que ser forte. Hei de quebrá-las, todas elas, porque mais do que nunca, hoje eu sei que na verdade a força é fruto da naturalidade de ser eu mesmo. As crianças me ensinam muito. Já fui criança um dia e muitas vezes, percebo que na verdade não deixei de ser. Toda criança está sempre querendo crescer, mas sempre se está crescendo, aprendendo a ser crianças melhores. Porque por mais idade que eu tenha, um carinho me comove. Por mais experiência de vida que eu adquira, um sorriso sincero me desarma das artimanhas dos homens e desmancha qualquer jogo de relações. Não existem fórmulas quando se ama as pessoas, simplesmente agimos sem que seja preciso recorrer as sete, nove, ou dez leis disso ou daquilo, porque o amor faz com que cada pessoa tenha a sua própria importância e o bom senso seja a base de toda atitude. Simplesmente amando, aprendemos a perceber o que é harmonia e pra cada momento o tom necessário a cada vibração, como se todos pertencêssemos a uma grande orquestra. Ser criança melhor é saber escutar, em cada momento, a música regida pelo universo e amar é o melhor caminho. Hei de aprender um dia o que as vezes penso que sei e não há melhor momento pra aprender do que quando se é criança, ou seja, a vida inteira.
quarta-feira, novembro 29, 2006
terça-feira, novembro 14, 2006
Intuição (Ale - 14/11/2006)
Quando olho em minha volta
te vejo
o vento que passa por mim
tem teu cheiro
o toque da brisa em meu rosto
teu beijo
o canto suave
do pequeno passarinho
parece tua voz me falando de amor
então eu me perco no espaço
e tudo me mostra você
o atalho, a estrada
o caminho
te sigo pra sempre
meu bem, meu amor
te tenho em mim
por inteiro
...desejo
te quero comigo
pra sempre
...carinho
quarta-feira, novembro 08, 2006
Eu e Plutão (Ale - 08/11/2006)
.
Até que eu tentei sorrir,
mesmo quando tudo era escuro
aqui dentro
chorei diversas vezes a procura
de uma saudade sem face
eu não conseguia lembrar
mas sentia como se fosse sempre
tenho sensações estranhas
quase sempre me permito senti-las
de tal forma que adquiro uma intimidade
com a minha própria dor
mas essa dor me engana
muda de cor
como mudam-se as folhas
hora me abandona e não volta
hora volta e não me abandona
queria muito que não fosse assim
e que tudo fosse apenas
brincadeira de criança
hora brinca
hora se cansa
e se deita à relva entre flores coloridas
e a vida passa
e os dias dançam
e a dor não cansa
dançam os ventos
modifica a relva
tremulando sonhos
tremulam os quintais da alma
e a porta de entrada da minha casa
as folhas se balançam nas árvores
e a minha raiz se finca
em um solo extinto
tenho vontade de voar distante
e fazer companhia a plutão
tão sozinho e abandonado
e depois de rebaixado
ninguém quer mais saber
tudo foi em vão
Plutão e eu
Eu e plutão
Um belo par de astros
Cabisbaixos
Isolados
Tão distantes de todos
Como está também
Meu pequeno coração
terça-feira, novembro 07, 2006
Utopia (Ale - 07/11/2006)
Um calor e uma dor...
Desespero!
E aqui, me refaço cada parte
Pequenas fagulhas em tantos dias
Recomponho em tinta
como a arte
me afogo e me alegro
com as noites em meu peito
é o que me faz sorrir
Chorar muitas vezes
me deixa até sem jeito
Colorir...
cada cor que me retrata em si
reflete um ardor
e a poesia se remonta
como a luz que jamais se apaga
mas meu coração
este sim
um dia cala
e quando eu talvez nem perceba
o poeta morre
e aquele pequeno universo
pára
“não, eu te peço
por favor não se acabe...”
mas a minha voz desaparece
o mundo claro
anoitece
e a noite encobre tudo que por hora eu via
a voz não mais declamará
porque enfim
era tudo engano
nada disso existe
talvez somente
dentro de mim
sexta-feira, novembro 03, 2006
Midas (Ale - 03/11/2006)
Acordei em um mundo confuso
Com um ar de incerteza
Porém convicto
Neste mundo havia flores
E horrores
Universo paralelo
e monotonia
a escuridão misturava feito tinta
com a luz
lágrimas e sorrisos
tocando em sintonia
uma nova canção
O inferno pintado de azul
e o céu sob meus pés cansados
mulheres belas
entre coisas coloridas
homens tranqüilos
de olhar seguro
dava até pra sentir
um cheiro de chuva
...mas não chovia
um pôr-do-sol ao longe
enfeitava meu olhar distante
dores que não doíam
Risos que desaguavam
Feito cachoeira
Milhares e milhares
de crianças brincavam soltas
trabalhos manuais
artesanato
cantiga de roda e teatro
por onde eu passava era assim
como se cada cantinho
estivesse também em mim
tudo era arte
tudo era cor
sentei à beira de um rio
uma leve brisa soprou
“tudo que você toca, agora vira poesia”