sexta-feira, dezembro 29, 2006

Renovar (Ale – 29/12/2006)


Renovam-se as águas
corrente nos rios,
cascatas que banham as pedras

renovam na chuva
suave e serena
que cai e forma o orvalho

renovam também tempestades
tirando da terra raízes
quebrando das plantas seus galhos

renova-se o mar
maré e balanço
a beira da praia
areia e remanso

renova-se o vento
que forte devasta
Renova na brisa
de sopro bem manso

renova-se o tempo
nas horas, nos dias
semanas e anos

renova-se sempre
a vida, os sonhos e os planos

como a natureza renova em beleza
abrindo as pétalas de um botão,
fazendo surgir uma flor

renova-se o homem
abrindo o seu coração
à força e à beleza do amor

terça-feira, dezembro 26, 2006

Sou do Rio (Ale - 26/12/2006)


Pequeno e sem saber meu rumo
Entrego-me às águas

Deixo-me conduzir pela corrente
que deságua livre
o meu coração calado

Caio por sobre pedras
Deslizo fácil
do que me machuca

Sou do rio

embora muitas vezes
me despedace,
nas mesmas águas
eu me refaço

embora a dor
me desanime
por algum tempo

retomo a vida
e não desisto de acreditar
Que existe um lago

Um lindo lago
No fim do curso

Lugar tranqüilo
De águas claras

O meu lugar...
Meu sentimento

terça-feira, dezembro 19, 2006

No Outono (Ale-19/12/2006)


Os meus olhos escancaram em mim
As dores
As tristezas
e os amores

e de mim nascem palavras
que se soltam
como folhas no outono

Enquanto luzes se acendem
e se apagam
eu renasço

e a raiz que me sustenta
se mantém profunda
e intacta

ao mesmo tempo que sou livre
me refaço
e me prendo

no que pode parecer
cansaço
me contento

no que pode refazer
pedaços
me procuro

sou caco, estilhaço
sou inteiro

fruto do que sinto
hora verde e recente
hora velho

inocente fruto maduro
no tempo que sustenta os galhos

árvore da vida
minha doce vida que tremula
com o vento

na canção que ouço a tarde
em céu pintado de vermelho
eu me olho

e no brilho do olhar
me acho

uma lágrima escorre em meu rosto
como o orvalho que escorre
numa folha sem cor

e a dor que se mistura
com a alma e com o sereno
se transforma calmamente em amor

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Retrato do Coração (Ale - 06/12/2006)


Não há vazio
como o de um jardim sem flor

Pássaros não vêm despejar sementes
Nem cantam saudades

O vento passa com pressa
Carregando as folhas que caem
Descolorindo o chão

O verde fica monótono
Sem nenhum contraste

Não há o cheiro da manhã
e nem a brisa da tarde

a lua fica triste
e a noite escura

Assim é um jardim sem flor
Paisagem de muita dor
Cenário de amargura

A vida sem um amor
Reflete o mesmo semblante
Vazio, triste e distante
momento de solidão

Assim o jardim sem flor
Sem vida, sonho e sem cor
Retrata um coração