segunda-feira, dezembro 12, 2011
Desleitura (Ale - 12/12/11)
Eu que me vi aqui quase chegando
Não me percebi voltando
Eu que me lia o dia todo
Não me escrevi de novo
Eu que nem se quer sabia
Que sem querer sorria
Naquelas dores que eu descrevia
Não, não quero desescrever
Nem sei mais o que fazer
Em letras desencontradas
As almas angustiadas
Desleem o que sabem ler
quarta-feira, abril 06, 2011
Feito Canto (Ale - 06/04/2011)

Desde que fiz canção
Que me vejo assim
Feito nuvem carregada
Pensamento desconexo
Retrata meu ego centro
Meu egoísmo perplexo
Em meio ao nada...
Motivo hermético
De voz calada
Dor do não
...do sim
Talvez razão pela qual a emoção
Se faz em mim
Desde que fiz canção
Que o canto me arrebata...Enfim.
Da voz uma alvorada
Da dor uma enseada
Um porto seguro
Uma flor que brota na alma
Se espalha feito capim
E os pássaros fazem seus ninhos
O sol clareia o escuro
Meu peito vira um jardim
domingo, novembro 28, 2010
Calmaria? (Ale - 28/11/2010)

Minha alma é meio assim
Solta em demasia
Por esta imensidão sem fim
Imensa feito luz que banha o dia
Senão o que há em mim?
Digam enfim, o que seria?
Se não for a cor
Que cor teria?
E se porventura, meu Deus
Não for o amor
Que nasce de uma poesia
O que então
Toda essa imensidão
Que há em mim, seria?
Mera e boba ilusão
me caberia?
Imensurável solidão?
Vulgar filosofia?
Ou um pequeno coração
acostumado a monotonia?
Óh grande mar
De águas bravias
Que sois então?
Vós que por hora és tormenta
Cheia de correntezas
Encrespadas por ventania
Que sem aviso,
avança e adentra
enquanto eu dormia.
Alguém,
no mundo Real ou da fantasia
Poderá me desvendar emfim...
O que todo o meu coração Seria?
Esse mar,
de tempestade e calmaria?
terça-feira, novembro 16, 2010
Poema do sete-pele ou Poema anti-capital (Baseado no Poema de Sete Faces de Drummond)

Quando nasci, meu pai
Desses que compram
Disse: Vai, Alessandro, (H)enrique.
Os carros olham os homens
Que as mulheres correm atrás
Dos homens sem dúvida,
dos carros, bem mais.
O ônibus passa lotado
Trinta e seis sentados, quarenta em pé
Para que tanta gente pobre, meu Deus?
Pergunta o zelador.
Porém meu patrão, não pergunta nada.
O homem de maquiagem
É sério, rico e metrossexual,
Fala pelos cotovelos,
Cheio de amigos interesseiros
O homem rico, que malha de maquiagem.
Meu Deus, porque te abandonamos?
Se sabíamos que tinha outro deus,
Se sabíamos que éramos trapos?
Mundo mundo gasto mundo
Se eu me chamasse Gastão,
Seria uma solução e não uma rima.
Mundo mundo gasto mundo
Mais gasto com meu cartão
Eu não devia falar,
mas este shopping,
este SPA,
botam este povo entretido com o diabo.
quinta-feira, julho 15, 2010
Sendo (Ale - 15/07/2010)

Eu fico pensando em filosofia
na força do dia
sob a luz solar
no que me remete
a um sofrimento
no choro e lamento
que ronda meu peito
e a monotonia
do que é perfeito
de tudo que invento
me lança ao mar
As ondas incertas
em águas abertas
me arrancam do porto
e arte contida
no fundo da alma
outrora tão calma
emerge do nada
e a vida repleta
de águas paradas
começam tão logo
a movimentar
e os sonhos que eu tinha
explodem de dentro
mostrando que há vida
no que estava morto
e assim passo o dia
em meus pensamentos
tão leves e claros
tão livres e soltos
leveza de um som
em uma sinfonia
clareza da noite
com lua de prata
liberto tal qual
a bandeira da França
expõe em palavras
de ideologia
solto como o vento
mostrando sua dança
e os rios que correm
por dentro das matas
...e o simples sereno
das minhas ideias
fazem tempestades
no mar da poesia
sexta-feira, abril 30, 2010
DOGMA (Ale - 29/04/2010)
sábado, fevereiro 20, 2010
Canto a Patativa (Centenário)

A cem anos destes dias
Nas terras do Ceará
Uma criança nascia
Cantando em vez de chorar
Em sua alma trazia
O doce dom de rimar
A rima vinha do dia
Da cor do sol, do luar
Da mãe quando lhe sorria
Da flor que ia brotar
Dos olhos que descobria
A missão de enxergar
"Em cada galho uma rima
Em cada rima uma flor"
E a criança crescia
Cantando verso em louvor
Ao sertão, à virgem Maria
São José e Nosso senhor
Defendia o nordestino
Com o seu dom de cantar
Cantava sempre sorrindo
A sua terra “natá”
Valorizando o “cabôco”
Que não podia estudar
Se não fosse o sertão
e o povo para plantar
Macaxeira, milho, feijão
Como é que ia sustentar
a família e o cidadão
Nascido na “capitá”?
Denunciava em poesia
A tal discriminação
A tremenda estripulia
Do político ladrão
Exigindo todo respeito
Aos pobres deste sertão
Em sua humilde casinha
Viveu com muita alegria
Dinheiro mesmo, nem tinha
mas ricos foram seus dias
Junto de dona Belinha
E sua eterna poesia
Tão simples como um botão
Da mais pequenina flor
Nascida lá no sertão
Do povo trabalhador
Encantam o coração
As rimas do cantador
Também cantava a dor
a agonia e o lamento
do meu sertão sofredor
de gente de sentimento
coração cheio de amor
e vida de sofrimento
Trazia desde criança
O dom de sua missão
Cantando desde a infância
Pro povo desse sertão
Enchendo de esperança
Todo e qualquer coração
O canto mais verdadeiro
Venceu todo pré-conceito
Dos letrados brasileiros
Que não tiveram outro jeito
A não ser reconhecer
Poeta mais-que-perfeito
E a sua poesia então
O mundo já circulou
Das quebradas do sertão
A cidade conquistou
Do mais simples cidadão
Ao mais erudito doutor
Os versos desse poeta
De feijão, mio e paioça
De beleza mais repleta
Das quebradas lá da roça
Traduzido em forma completa
Em países da Europa
As letras em português
Com sotaque do Ceará
Traduzidas pro Francês
Nem consigo imaginar
Italiano talvez,
Consiga até se cantar
Poeta o teu lamento
É comprovação da verdade
Que poesia é talento,
Amor e capacidade
Estudo de pouco tempo
Estudado em universidade
Teu sertão, teu lindo Brasil
E as terras do teu Ceará
te abraçam grande poeta
que continua a cantar
os versos de amor e vida
no canto da patativa
“Cante lá, que eu canto cá”