quarta-feira, agosto 16, 2006

No inverno (Ale - 16/08/2006)


Como se fôssemos continuidade
Fito teus olhos
e nesse exato instante te sinto em mim

inexplicável emoção me brota
como a lágrima que rola a face do abandono
deixo-te sempre

olhar profundo
horizonte das águas entre as montanhas geladas

o frio me cala a boca

tento balbuciar palavras que te soem aos ouvidos
como canção perfeita
acariciando teu sonho mais colorido
mas é inútil

e a manada de cavalos selvagens
pisoteiam meu coração pequeno
diante do que eu mesmo nem sei dizer

corro de mim e fujo de tudo que me causa anseio
inutilmente

porque mesmo depois de correr
do próprio medo

e mesmo depois da angústia do terremoto
da emoção

tudo se cala
tudo se acalma

no fim de tudo
desse tudo imenso que há em mim
só o silêncio

absoluto, claro e eterno

olho adiante
e te vejo inteira
inabalável flor distante

recolho-me nas nuances de suas cores
posto que és primavera
no meu inverno

Um comentário:

O Micróbio II disse...

Gostei da "manada de cavalos"... dão um ritmo intenso ao poema!